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Criação de personagens: Como segurar um leitor através de um personagem?

  • Lorena Saraiva
  • 3 de out. de 2016
  • 6 min de leitura

Para muitos, escrever é somente sentar e desenvolver uma estória. Mas, muitos escritores sabem que não é apenas isso. Existe todo um projeto, todo um esqueleto que precisa ser respeitado para que o livro vá para frente e se torne comercial.

Como já foi dito em outro post, existem pessoas que escrevem somente para si. Neste caso, não é necessária a criação de um arranjo de técnicas completo e bem desenvolvido.

No entanto, aqui nós iremos tratar de uma técnica desenvolvida na criação de personagens para que esse livro se torne comercial e bem desenvolvido. A falta dela não extingue o sucesso, mas influencia quase que cem por cento em um bom resultado final, pois o dom já está ali, a criatividade também... Mas é preciso lapidar e enriquecer de valor aquilo que você já tem.

Então, para começar a criar um personagem é preciso desenvolver duas vertentes de características ligadas a cada um deles. Primeiro você diz como ele é por fora e, depois, como ele é por dentro.

Para criar o seu personagem e fazer com que o leitor saiba quem ele é e imagine o autor das ações exatamente como alguém que realmente existe, é preciso criar as suas feições de modo que o leitor o imagine, o conheça e saiba exatamente como ele é.

E o primeiro passo para isso é: Pegar uma folha e uma caneta. Logo após, escrever: FULANO (características físicas.) Vamos supor que o seu personagem principal seja um homem. Então você vai começar: Rafael (e logo a baixo do nome vai escrevendo como ele é fisicamente): Alto, magro, usa óculos, olhos azuis, pele branca, cabelos negros e lisos com um tamanho mediano e meio jogado para frente. Depois você puxa uma seta e coloca: Qual é o estilo? Skatista. Se não for um estilo padrão, você pode ir adicionando os tipos de roupas que ele costuma usar, como sapatos, blusas, calças ou bermudas.

Logo após colocar as características externas, é preciso fazer o mesmo com as internas. E nesse ponto deve-se tomar muito cuidado. As vezes o autor envolve características internas demais fazendo-as divergir entre si, o que acaba confundindo o leitor.

Exemplo: Rafael (características internas): Dócil, gentil, cavaleiro, sincero, amigo para todas as horas, não se apaixona facilmente, mas quando se apaixona, se apaixona mesmo, não se irrita com facilidade, mas se alguém pisa no seu calo ele vira o bicho, defende a família com unhas e dentes, gosta de beber cerveja, fuma cigarro, não usa drogas, ama os animais, humilde, é calado e na dele, tem caráter. Depois, é só puxar uma setinha e escrever: O que ele costuma fazer? Sair para andar de skate, sair para o barzinho com os amigos, as vezes vai em shows de rock, pop, mpb e hip hop, está na faculdade de fotografia, ama dançar street dance e gosta de eventos sociais e artísticos. Classe social: Média.

Logo após definir quem é o seu personagem principal você já tem uma ideia de como ele é por fora e por dentro. É como se ele realmente existisse dentro do seu universo e, sem dúvidas, ele também irá existir dentro do universo do seu leitor.

Lembrem-se: Um personagem bem definido impulsiona o leitor. O faz apaixonar ou odiar. O importante é faze-lo sentir algo.... É preciso faze-lo conhecer a sua criação tão bem ao ponto de não conseguir solta-la. Existem muitos livros que prendem o leitor somente pelo personagem.

Essa técnica funciona tão bem, que eu acabei de criar o Rafael para explicar para vocês, e é como se ele já existisse. Se alguém quiser escrever sobre ele, está autorizado... É só me informar. Haha

Depois de desenvolver bem o seu personagem principal, você vai fazer o mesmo com os outros personagens que são próximos a ele. Vai definir a família e os amigos da mesma forma, colocando tanto as características internas como externas. É claro que não vai precisar perder tempo dizendo o que a irmã de Rafael gosta de fazer nas horas vagas, a não ser que seja de extrema importante para a trama, caso não... Só precisa fazer uma breve descrição das características físicas, para descrever uma possível cena onde ela aparece bebendo agua enquanto Rafael prepara o seu sanduiche.

E isso funciona para todo o resto, só é preciso customizar bem um personagem se ele for influenciar na trama.

Outra coisa muito importante que é preciso saber a respeito de personagens: Todos nós sabemos que pessoas e forças externas estão o tempo inteiro influenciando o seu personagem principal durante a trama, tanto para ajuda-lo quanto para atrapalha-lo e é preciso desenvolver essas características especificas nos personagens que exercem essas influências.

Alguns autores desenvolvem técnicas para que isso seja possível e uma delas é a de imaginar que o personagem principal está cercado por cinco personagens, cada um com uma característica pessoal que influencia diretamente a vida do seu protagonista de modo a ajudar ou a atrapalhar o seu objetivo.

E são eles: O cético, que faz par com o idealista/ O racional, que faz par com o emotivo/ e por último a tentação. Esses, por mais que influencie na vida do personagem de maneira as vezes negativa, não significa que o mesmo seja ruim ou que não queira o bem do principal. Essa é uma questão de personalidade.

Vamos supor, Rafael tem dois amigos, um é extremamente cético e o outro extremamente otimista. Rafael em um momento da sua vida decide que vai participar de um torneio de skate e o seu amigo cético diz: “Isso não vai dar certo, tem muita gente melhor do que você competindo... Esquece isso, não vale a pena se matar por algo que não vai dar em nada”.

Em contraposição a isso vem o amigo otimista e diz: “Rafael, vai em frente... Você vai conseguir. Se você se dedicar, o prêmio é seu. Não escute fulano... Ele é pessimista demais”. Neste caso a ideia é plantar a dúvida no leitor... Causar discórdia... Fazer com que o personagem fique confuso com relação as suas decisões. É geralmente nesse ponto que entra a participação do leitor... Ele começa a tomar decisões junto com o personagem, começa a apoiar um ou apoiar o outro e a torcer... Vivenciar aquilo que está escrito.

No caso do emotivo e do racional acontece quase a mesma coisa. É a ideia de contraposição. É o momento que o personagem encontra dois conselhos, dois caminhos e é ele quem tem que decidir qual seguir.

Exemplo: Rafael conhece uma menina... E um de seus amigos, o emotivo, diz: “Vai em frente. Vai ser lindo! O amor é lindo e vocês fazem um belo casal”. O racional vai dizer: “Seja racional, não podemos nos entregar aos nossos sentimentos, eles só nos afundam”.

Outro tipo de personagem que podemos encaixar nesse caso é a Tentação. Essa pode ser uma amiga de Rafael, que sempre foi apaixonada mais nunca disse nada. Mas de repente, quando ela percebe que Rafael está se apaixonando, começa a tenta-lo. Começa a dar em cima, fazendo com que ele perca o foco na outra.

É importante saber que esses personagens são de extrema importância na trama. Então, é preciso desenvolver e anotar todas as características físicas e mentais dos mesmos.

Além desso, temos vários outros tipos de personagens como, por exemplo, o mentor que é aquele que sempre está ali orientando e dando forças positivas, mostrando o caminho e motivando. Temos o vilão que é o que, propositalmente, faz de tudo para que o protagonista não alcance o seu objetivo. Temos também o obstáculo, que é aquele que prepara armadilhas para que o personagem principal não chegue no seu destino final.

Enfim, se fosse falar de todos os tipos de personagens, teria que escrever um livro sobre isso. Mas, a grosso modo é isso.

No mais, eu gostaria de dividir com vocês a minha forma pessoal de desenvolver as características dos personagens. Geralmente eu ponho características que eu admiro nos meus personagens principais. Eu faço isso por que isso ajuda bastante a estimular você a continuar escrevendo. É uma delícia escrever sobre alguém que possui características as quais você admira. É tão estimulante que não conseguimos parar de escrever e aprendemos a amar o personagem de uma forma única e especial.

Aos outros personagens, eu acrescento algumas características que já vi por ai, tanto as que admiro, quanto as que eu condeno, e assim fica mais fácil criar uma personalidade única e instigadora.

É isso ai pessoal, espero que tenham gostado!

Um beijo.

PS: As críticas são bem aceitas. Tanto as positivas, quanto as construtivas.


 
 
 

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