Tendências da literatura nacional no cenário atual.
- Lorena Saraiva
- 31 de ago. de 2016
- 4 min de leitura

Olá pessoal!
Eu vim aqui falar um pouco sobre as novas tendências literárias dentro do cenário nacional.
Como todos sabemos, durante muito tempo a nossa literatura esteve voltada a identidade nacional. Os grandes clássicos, como por exemplo Grabriela de Jorge Amado, eram narrados em cenários típicos, descrevendo perfeitamente a imagem do interior e da cultura brasileira interiorana.
Além disso, os grandes romances eram narrados de uma forma diferente, garantindo os princípios e a moralidade conservadora da época. Eram citados os cotovelos, os joelhos, os braços da mulher como peças primordiais na essência atrativa na relação do casal.
Nos dias de hoje tudo mudou. O mundo globalizado e a liberdade advinda do mesmo deram uma nova personalidade as pessoas, assim como ao que elas escrevem. O que eu quero dizer é que os tempos mudaram e a literatura também. Se antes um jovem escritor conservava a sua identidade patriarcal na literatura, hoje eles estão menos preocupados em conservar a mesma, pois se tornaram perfeitos cidadãos do mundo, trazendo o mundo em suas páginas, assim como a liberdade que ele passou a ter.
Toda essa transição no cenário mundial e na literatura trouxeram, desde a década de 1970, dificuldades em encontrar uma padronização do estilo literário no Brasil. As pessoas estão escrevendo cada vez mais, e cada vez mais elas trazem coisas novas.
Eu como aspirante a escritora contemporânea digo: Eu trago o mundo em minhas páginas. No meu primeiro romance “O Vigésimo Quinto Sol” eu narro a história em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. Os cenários são intercalados entre As belas praias do Rio de Janeiro, o Uruguai, Amsterdam e Bélgica e em todos as cenas eu me preocupei em passar um pouco da cultura do lugar, nem que fosse em pequenos detalhes.
No período em que eu estava escrevendo, eu não quis ler muitas obras. Às vezes pode parecer um pouco egoísta ou auto confiante demais, mas eu quis fazer algo novo sem sofrer influências de linguagem ou estilo. Além disso, eu não gostaria de seguir um parâmetro best seller. Eu escrevi o que eu queria escrever, e se for pra ser, será.
Por duas vezes tentei seguir a moda e em uma dessas tentativas mostrei o texto para um amigo escritor. A opinião dele foi muito importante. Ele me disse: O texto não está legal, o seu coração não está ali. Quando ele disse isso, eu já havia escrito o primeiro livro e estava passando para o segundo com uma nova ideia: Eu já fiz um livro autentico, agora vou escrever um que segue tendências. Mas depois do conselho eu mudei de ideia, simplesmente larguei e comecei um novo segundo livro chamado “A Vigésima Quinta Lua” e agora tudo está fluindo bem, pois é ali que o meu coração está.
E depois de ter lido muitos textos onde autores e pesquisadores confirmam o fato de que está cada vez mais difícil encontrar uma identidade para a literatura nacional, eu me identifiquei com isso. Pois eu fiz o que eu queria fazer. Eu não segui uma tendência premeditada, confirmando a tese como um objeto da mesma.
É importante citar, que mesmo que a literatura nacional não tenha encontrado uma identidade, existem tendências muito fortes, especialmente em plataformas online, que presam por seguir uma linear fixa, geralmente baseada nos grandes sucessos.
Eu não acredito que essas tendências sejam apenas em razão do sucesso em si que esses livros alcançaram, mas de pelo fato de essa ser a melhor referência que nós temos. Não referência de algo perfeito o suficiente para subir, mas uma referência do que a mídia estipulou ser o melhor.
Não que não seja bom, não que esses autores não tenham todo o mérito do mundo por terem alcançado o sucesso, mas eu acredito que quanto mais sucesso e reconhecimento eles tem, mas eles vão ter. As pessoas tendem a olhar e dar atenção pra aquilo que já é conhecido. É como se o corpo precisasse de uma garantia de que o tempo que ela está doando para alguma coisa não seja desperdiçado.
Eu não acho que isso seja inteiramente ruim, mas penso que os amentes dos livros e que as grandes editoras deveriam dar um pouco mais de atenção para autores nacionais desconhecidos; eles podem estar perdendo a oportunidade de revelar grandes artistas.
É preciso dar mais atenção e mais credibilidade para os autores nacionais, que muitas vezes pagam preços exorbitantes para serem publicados e no final não saem das plataformas online. Eu digo como leitora, se eu passar por uma livraria, olhar a capa, ler a sinopse e gostar.... Eu vou levar o livro independente de quem o tenha escrito.
E vocês não concordam comigo, que se esse livro estiver somente online a visualização será muito menor? Eu por exemplo, nem ficaria sabendo. Agora talvez sim, por que comecei a escrever, mas como leitora não ficava passeando nos sites de livrarias e muito menos de editoras.
O fato é que o marketing e a divulgação do autor são muito escassos, o que dificulta o processo de alavanco nas vendas. É claro que o autor tem que se preocupar em se auto divulgar, mas se a editora investe nele, acredita nele... As chances aumentam... Os leitores gostam do que está na mídia, do visual e, principalmente, de quem tem credibilidade.
Mas como os nacionais terão credibilidade se mal tem a oportunidade de serem lidos, se mal recebem o voto de confiança?
E é nesse rumo que o autor iniciante acaba por seguir parâmetros internacionais, as vezes até copiando histórias de sucesso, mudando apenas os personagens, ou até mesmo escrevendo tramas bem parecidas, na tentativa incessante de conquistar o seu espaço.
Não que eu ache completamente errado, se fez sucesso é por que as pessoas gostaram, logo, continuarão a gostar. Eu só acho que devemos ser ousados. Devemos escrever aquilo que queremos, por que o nosso tesouro está onde o nosso coração está... E eu acredito que é lá que mora o sucesso.
Não somente o profissional, mas também a recompensa de olhar para algo que você criou e perceber que foi autentico e inteiramente seu.
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